Iniciada em 25 de janeiro, na capital paulista, e em mais 53 municípios do Estado, a campanha estadual contra a febre amarela aplicou 5,2 milhões de doses, o que representa 56,6% do público-alvo formado por 9,2 milhões de pessoas.
Desde 2016, o governo estadual intensificou as ações de enfrentamento da febre amarela em São Paulo, por meio de monitoramento dos corredores ecológicos, vigilância epidemiológica e vacinação.
A Dra. Helena Sato, diretora de Imunização da Secretaria de Estado da Saúde, referência no assunto, explicou ao Portal CPP a importância da informação e da vacinação contra a febre amarela e fez o alerta: “A vacinação é a principal forma de proteger a população contra a febre amarela. Por isso, é imprescindível que todas as pessoas que moram nos locais definidos na campanha, e ainda não se imunizaram, tomem a vacina”.
Portal CPP: No começo da campanha da vacinação, a procura era muito grande. Quais as causas para a diminuição da procura?
Helena Sato: Observamos que houve uma queda porque as pessoas que moram nesses municípios provavelmente não estão tomando a vacina por acreditarem que o vírus não chegará nesta região. A questão é importante. O vírus poderá, sim, chegar nesses 54 municípios, por isso foram selecionados para a vacinação. Quero contar com o apoio dos professores, esse grupo que tem um papel importante em todo o estado. Aqueles que não se vacinaram, ou que têm parentes que vivem nestes locais e ainda não se vacinaram, que procurem um posto de vacinação.
Qual a porcentagem de reação?
Outras pessoas deixaram de se vacinar por medo da reação. É importante deixarmos claro que a vacina da febre amarela é de vírus vivo atenuado. Algumas pessoas, não mais que 15 a 20% das pessoas vacinadas a partir do terceiro ou quarto dia, poderão apresentar febre em adultos, dor de cabeça e dor no corpo, mas com uma excelente evolução. Temos sim a ocorrência da chamada doença viscerotrópica aguda, situação extremamente rara, com proporção de 1 em cada 1 milhão de pessoas vacinadas, ou seja, o risco da pessoa ser infectada pelo vírus da febre amarela e evoluir com complicações – e que moram em áreas de risco – é muito maior do que a doença viscerotrópica aguda. Na nossa avaliação, esses são os principais aspectos da diminuição da procura.
Como está o atual quadro da doença no estado de São Paulo?
De 2017 até o momento houve 345 casos autóctones de febre amarela silvestre confirmados no Estado. 125 deles evoluíram para óbitos. Os 53 municípios e distritos da cidade de São Paulo foram definidos por critérios epidemiológicos após análises técnicas e de campo feitas pelo CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) e Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) em locais de concentração de mata.
Até o momento, 7,2 milhões de pessoas em todo o Estado foram vacinadas contra a febre amarela. O número é praticamente equivalente às 7,4 milhões de doses aplicadas ao longo de todo o ano de 2017. A capital paulista atingiu 71,4% do público alvo, imunizando cerca de 2,4 milhões dos 3,3 milhões de paulistanos moradores dos distritos definidos na campanha.
A região com melhor cobertura vacinal é o Vale do Paraíba e Litoral Norte, onde foram vacinadas 1 milhão de pessoas, que representam 52% do público-alvo. Já no Grande ABC, foram imunizados 1,1 milhão de pessoas, valor correspondente a 47,6% da meta estabelecida. A Baixada Santista apresenta a menor cobertura vacinal, com 666,3 mil imunizados, 43,6% do público-alvo.
Continuaremos trabalhando com apoio dos municípios para realizar esse monitoramento com a finalidade de garantir que as pessoas que ainda não se vacinaram possam ser imunizadas e, assim, estejam protegidas contra a febre amarela.
É muito importante o apoio dos professores pois estão sempre com os alunos, e são eles que levam a informação para casa.
Há restrições à vacina?
Devem consultar o médico sobre a necessidade da vacina os portadores de HIV positivo, pacientes com tratamento quimioterápico concluído, transplantados, hemofílicos ou pessoas com doenças do sangue e de doença falciforme. Não há indicação de imunização para grávidas que morem em locais sem recomendação para vacina, mulheres amamentando crianças com até 6 meses e imunodeprimidos, como pacientes em tratamento quimioterápico, radioterápico ou com corticoides em doses elevadas (como por exemplo Lúpus e Artrite Reumatoide). Em caso de dúvida, é fundamental consultar o médico.
Após o período da campanha, qual o procedimento da população paulista?
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo quer ampliar a cobertura vacinal contra febre amarela atingida com a campanha de vacinação, realizada entre 25 de janeiro e 16 de março. Em conjunto com os municípios, será realizado um monitoramento para identificar os não vacinados, e cada Prefeitura desenvolverá a iniciativa que considerar mais apropriada para alcançá-los.
Qual a proteção da dose fracionada da vacina?
O SUS passou a disponibilizar neste ano a dose fracionada da vacina, conforme diretriz do Ministério da Saúde. O frasco convencionalmente utilizado na rede pública pode ser subdividido em até cinco partes, sendo aplicado assim 0,1 mL da vacina. Estudos evidenciam que a vacina fracionada tem eficácia comprovada de pelo menos oito anos. Estudos em andamento continuarão a avaliar a proteção posterior a esse período. As carteiras de vacinação receberam um selo especial para informar que a dose aplicada foi a fracionada.
E a capital paulista?
A capital paulista disponibilizará a vacina nas 466 salas de vacinação espalhadas por toda capital, até o final de maio. A vacinação continuará ocorrendo com a dose fracionada e padrão, conforme a indicação para cada pessoa.
E o sarampo, está controlado em SP?
Está ligado o sinal de alerta. Temos casos de sarampo em Roraima com todas as medidas de controle. Os casos aparecem por meio da entrada dos venezuelanos. O alerta para o País já foi dado pelo Ministério da Saúde. O último caso de sarampo ocorreu em 2000. Então, não podemos baixar a guarda às pessoas que têm indicação.
Município de Infecção | Caso | Óbito |
| n | n |
AGUAI | 1 | 1 |
ÁGUAS DA PRATA | 2 | - |
AMÉRICO BRAZILIENSE | 2 | 1 |
AMPARO | 5 | 2 |
AMPARO/MONTE ALEGRE DO SUL | 1 | 1 |
ARUJA | 3 | 3 |
ATIBAIA ¹ | 52 | 15 |
BATATAIS | 1 | 1 |
BOM JESUS DOS PERDÕES | 3 | 2 |
BRAGANÇA PAULISTA | 3 | 2 |
CAIEIRAS | 4 | 2 |
CAMPINAS | 1 | - |
CAMPO LIMPO PAULISTA | 3 | - |
COTIA | 6 | 3 |
EMBU | 1 | 1 |
ESPÍRITO SANTO DO PINHAL | 3 | 2 |
FRANCISCO MORATO | 2 | 2 |
FRANCO DA ROCHA | 4 | 2 |
FRANCO DA ROCHA/MAIRIPORÃ | 1 | - |
GUARULHOS | 8 | 3 |
IBIUNA | 5 | 5 |
IGARATÁ | 3 | 1 |
ITANHAEM | 1 | 1 |
ITAPECERICA DA SERRA | 4 | 2 |
ITARIRI 2 | 2 | - |
ITATIBA | 4 | 1 |
ITATIBA/PIEDADE | 1 | 1 |
ITUPEVA | 1 | - |
ITU | 1 | 1 |
JARINU | 8 | 2 |
JUNDIAI | 1 | - |
MAIRIPORÃ ³ | 143 | 39 |
MIRACATU | 1 | 1 |
MOCOCA/ CÁSSIA DOS COQUEIROS | 1 | - |
MONTE ALEGRE DO SUL | 5 | 3 |
NAZARÉ PAULISTA | 20 | 9 |
PIEDADE | 2 | 2 |
PIRACAIA | 1 | - |
SANTA CRUZ DO RIO PARDO | 1 | - |
SANTA ISABEL | 5 | 1 |
SANTA LUCIA | 1 | 1 |
SÃO BERNARDO DO CAMPO | 1 | - |
SÃO JOÃO DA BOA VISTA | 2 | 1 |
SÃO LOURENÇO DA SERRA | 1 | - |
SÃO PAULO | 8 | 4 |
SÃO ROQUE | 3 | - |
TUIUTI | 1 | - |
VALINHOS | 4 | 2 |
VARZEA PAULISTA | 2 | 1 |
INDETERMINADO 4 | 1 | 1 |
EM INVESTIGAÇÃO 5 | 5 | 3 |
Total geral | 345 | 125 |
¹ 1 caso com residência no Rio de Janeiro (RJ) e infecção em Atibaia (SP)
² 1 caso com residência em Curitiba (PR) e infecção em Itariri (SP)
³ 2 óbitos, sendo um com residência em Poço Fundo (MG) e outro em Santa Catarina, ambos com infecção em Mairiporã (SP)
4 paciente morador do estado de São Paulo com suspeita e confirmação da doença. Não saiu do Estado e não há como confirmar deslocamentos dentro do Estado
5 casos com confirmação clínico-epidemiológica com Município de LPI ainda em investigação mas sem deslocamentos para fora do Estado
* Informações atualizadas em 16 de março de 2018