As estarrecedoras imagens dos corpos esqueléticos de crianças e adultos do povo Yanomami no estado de Roraima, mostradas pela imprensa, nos choca como seres humanos e nos envergonha profundamente como brasileiros.
Não estamos mais diante de cenas de uma realidade distante, mas sim de uma atrocidade que se comete em nosso país, onde nos últimos anos a barbárie encontrou um caminho livre para prosperar.
Quando ao longo do governo passado o noticiário noticiava os ataques ao meio ambiente e à floresta amazônica, algumas pessoas fechavam os olhos; outras faziam ouvidos moucos a alertas que vinham do mundo inteiro. Como se quem vivesse no Sudeste e Sul do país pudesse seguir ignorando as ações que não só devastavam as matas, como massacravam a população que por direito ali resiste.
Demarcada há 30 anos, a Terra Indígena Yanomami, a mais extensa do Brasil, com 9 milhões de hectares, abriga 28 mil indígenas em mais de 300 comunidades. Um povo que tem sido barbaramente atacado e precisa ser respeitado. Mais que isso: necessita ser colocado a salvo da violência de garimpeiros e extratores de madeira.
As áreas homologadas deveriam ser protegidas pelo governo, porém se tornaram cenário de atrocidades perpetradas por aqueles que destroem a floresta, contaminam rios, e provocam doenças, fome e morte. Sem atendimento de saúde, milhares de indígenas foram abandonados à própria sorte e mais de 57 crianças já perderam a vida nessa tragédia humanitária inominável.
Nesse contexto, a declaração de emergência em saúde pública declarada pelo atual governo no Território Yanomami é uma luz na escuridão. Uma força tarefa foi montada, e a esperança é de que a situação se reverta o quanto antes.
Quando o governo está decidido a agir de modo humanitário e combater a ilegalidade e a violência, os resultados são imediatos. Esse é um fato.
Um país cuja população se declara majoritariamente cristã não pode admitir a perpetuação desta catástrofe. Não pode jamais compactuar com o banditismo cometido contra os povos indígenas e particularmente contra o povo Yanomami.
Que se retomem as demarcações e a segurança de áreas indígenas na Amazônia, se retirem os invasores e sejam reservados recursos financeiros para uma firme ação do governo neste ano de 2023. E que a Funai – agora denominada Fundação Nacional dos Povos Indígenas – seja reconstruída e cumpra o seu dever!
Prof. Azuaite Martins de França, 2º vice- presidente do Centro do Professorado Paulista (CPP)